Comunicação
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Publicado 09/10/2017 - 08h36

Comunicação

“... qualquer ser vivo é, antes de mais nada, um sistema que troca com o seu meio três coisas fundamentais: matéria, energia e informação. As três têm alcance científico, mas somente as duas primeiras gozam de uma fundamentação científica, ou seja, só a matéria e a energia aparecem na formulação das leis das ciências duras como a física ou a química. A terceira, a informação, não saiu ainda dos tratados de matemáticas. Quando isso ocorrer, ciências mais suaves (como a biologia, a psicologia, a economia, ou... a política) talvez deem um grande salto. É que a natureza tem pouca culpa dos planos de estudos que são seguidos em escolas e universidades. ”
Jorge Wagensberg, em “Ideas para la Imaginación Impura: 53 Reflexiones em su Propria Sustancia”, Metatemas 54, Tusquets Editores, Espanha, p. 151. (tradução livre)
É simples fazer uma experiência interessante: Dê a um jovem ou a uma criança um telefone com disco, e você verá a imediata reação de estupefação. Simplesmente eles não sabem o que é, nem como funciona aquele aparelho esquisito. São verdadeiras peças de museu, mas que foram protagonistas naturais nas vidas de muitos de nós. Há um sentimento de melancolia que paira no ar, ao reconhecer objetos que estavam em nossas casas há pouco tempo, e hoje já estão aqui, como curiosidades de um passado que parece tão distante. Em tempos de internet, telefones celulares, GPS, telas multi-toque, e outras maravilhas da tecnologia moderna, às vezes nos perguntamos como fazíamos para viver sem esses apetrechos, sem toda a conectividade que hoje inunda a nossa vida.
A velocidade dessas mudanças é impressionante. E as telecomunicações são um dos setores onde essas alterações são mais nítidas. Como exemplo, basta lembrar como era o ato de telefonar a pouco mais de trinta ou quarenta anos. Como era possível viver sem telefone celular? Como era possível organizar a vida sem Internet, sem e-mail? Essas perguntas refletem a enorme transformação social provocada por alguns desenvolvimentos tecnológicos, e ressaltam a complexidade dos fenômenos relacionados com a utilização e consolidação de novas tecnologias.
De fato, muitas vezes nos sentimos incapazes de acompanhar todas essas transformações, e certamente somos rapidamente ultrapassados pelas novas gerações. Outro fenômeno que surge como consequência da enxurrada de informações a que somos sujeitos diariamente é a sensação de incapacidade de acompanhar o que está acontecendo simultaneamente em tantos lugares. Além disso, a possibilidade de estar hoje em dia o tempo todo “conectado” leva a uma impossibilidade de se desligar do trabalho, ou das preocupações familiares, e fatalmente a um stress permanente.
Mas evidentemente essas consequências negativas são amplamente superadas pelas vantagens das novas tecnologias de comunicação, que certamente facilitam a nossa vida e nosso trabalho de maneira crucial. Temos vivido uma verdadeira revolução na área de comunicação, e o mais incrível é que não nos damos conta disso. Não notamos quanta ciência tem sido necessária para realizar os desenvolvimentos tecnológicos que vivenciamos. Não percebemos as incríveis dificuldades que tiveram que ser superadas para realizar alguns avanços que passam praticamente despercebidos. Além disso, sequer desconfiamos das implicações dessas mudanças na sociedade, como o aparecimento e desaparecimento de profissões (e suas interessantes implicações na questão de gênero), novos modos de trabalho, novas maneiras de fraudes, e assim por diante. Tudo é alterado em decorrência dos avanços na comunicação, e estamos no meio desse redemoinho, muitas vezes passivamente.