Oralidade e Sexualidade
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Publicado 20/10/2017 - 09h49

Oralidade e Sexualidade

Nesta semana falarei sobre a oralidade adulta e como cada um de nós lida com o prazer e o gozo na vida. Com o perdão do trocadilho, a boca, como pode-se perceber, tem muito a dizer sobre nós. Na fase oral infantil (que se inicia no útero e vai até o primeiro ano de vida) satisfação, insatisfação, prazer, raiva, nutrição, calor, afeto e fome de vida são expressos pela boca; e estimulados pela relação entre a mãe e o bebê. Isso influencia o perfil futuro da pequena criança.
No decorrer do desenvolvimento, a satisfação, o prazer e o amor são deslocados para os genitais. O adulto expressa satisfação, calor, amor e nutrição de maneira sexual. O desejo de fazer amor da pessoa madura equivale à necessidade (oral) do bebê de preenchimento pra sobreviver e de afeto para se sentir acolhido , incluído e íntimo. Falo do desejo como algo que pode ser adiado. O contrário da necessidade, que é algo vital, como a fome, a sede e a proteção.
É importante diferenciar o que é necessidade e o que é desejo. Quando temos sede precisamos matar nossa sede com água e não escolhemos o alimento, não dá para esperar uma semana para saciá-la. Ou seja : é uma necessidade. Mas o desejo de tomar uma taça de vinho pode esperar para ser atendido.
A satisfação, o prazer e o amor que você experimenta na fase do desenvolvimento da sua boca e da sua oralidade infantil estão presentes na vida adulta, na maneira como você nutre e se relaciona com a sua sexualidade. Não é por acaso que a comunicação visual e de marketing de motéis e sex shops (ou de matérias sobre sexualidade) estampam bocas carnudas. Nem é à toa o uso das expressões gostoso ou gostosa para homens e mulheres, nem de outras expressões sexuais diretamente ligadas à oralidade, paladar, nutrição.
Beijar, devorar com beijos, chupar ... todas essas palavras e ações demonstram a sua satisfação e a sua relação com sua oralidade e sua sexualidade. É interessante observar que quando se faz amor sem interesse de envolvimento geralmente as pessoas não se beijam.
Assim, a sua sexualidade está diretamente relacionada ao modo como você amadureceu -- ou não -- sua base emocional afetiva durante a fase oral. O quanto você é carente de amor e de cuidados tem a ver com os primeiros anos de sua vida e determina como você vai se relacionar com o parceiro, a família,o trabalho, o social e a sexualidade no futuro.
Por isso, há pessoas que fazem amor para compensar uma falta, outras que fazem amor por raiva e sadismo, outras que fazem amor para se vingar do sexo oposto, outras que fazem amor para relaxar a pressão e a tensão, e outras que usam o fazer amor apenas para se gratificar. Todos esses comportamentos são reflexos de excesso ou falta durante a fase oral.
A pessoa madura e saudável é aquela que vivenciou com saúde e cuidado a fase oral, e por isso, faz amor para abandonar-se e doar-se ao outro. Para entregar-se à vida! O amor e a sexualidade realmente são sinais muitos claros do desenvolvimento neuroafetivo, intrinsecamente ligado à fase oral.
Avalie como foi o caminho da sua oralidade da boca para a pélvis. Perceba qual dos dois você alimenta mais atualmente em sua vida. Faça esses exercícios e responda:como faz amor, e como recebe amor?
Pense bem nessas relações e procure entrar mais em contato com você e com a sua base emocional afetiva. Tenha uma boa semana, e procure avaliar o impacto dessas novidades na sua vida. Até mais!