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Publicado 09/11/2017 - 08h42
ONDE TUDO COMECOU...
As comunicações são interações que nutrem as relações no tempo. Assim, as relações que tivemos ao longo de nossa história foram nutridas através das comunicações, que construíram e nutriram a forma de nos relacionar.
O “como” nos comunicamos é fundamental para nos relacionar: não falar, não ouvir, não prestar atenção também são formas de comunicação, que não é somente verbal e também está no corpo.
Quantas palavras não chegam ao coração e ficam paradas no peito ou, pior ainda, presas na garganta? Quanta fragilidade existe nas mãos frias para dar, pegar, acariciar e abraçar? Quanto desejo de afeto e calor? Em nossas vidas, o início da aprendizagem das relações afetivas acontece quando ainda somos fetos, ou seja no útero materno. O bebê já nasce sabendo o sabor da relação com a mãe. É aí que começa ser escrito o modo de ser específico de cada pessoa, é daí que vem a maneira como o feto vai se relacionar com o mundo. Se nesta fase intrauterina acontecer uma importante ameaça isso irá intervir na forma como essa pessoa, esse feto, irá se relacionar, se ele/ela será uma pessoa mais aberta ou mais fechada.
Assim, o sinal gravado das nossas relações afetivas vão modelando o nosso corpo e o nosso comportamento.
O "como" você se comunica e se comporta , o "jeitão" de como você se apresenta na vida, será reflexo da qualidade afetiva que experienciou através das relações que teve ao longo das fases de desenvolvimento neuroafetivo de sua vida. Sua plataforma emocional e afetiva foram construídas e nutridas nestes momentos . E também sua estrutura de caráter e a maneira como lida com a dor e o prazer na vida.
É este comportamento que comunica maior ou menor capacidade de resiliência ou de vulnerabilidade de cada um, para ter uma vida mais ou menos feliz.
A sustentabilidade emocional e afetiva de cada um varia de acordo com sua maior ou menor sustentabilidade relacional. Hoje, podemos notar que existem mais comunicações do que relações, mais emoções do que sentimentos, mais informações do que saber. As relações e os sentimentos necessitam de tempo para existirem. As emoções são instantâneas. A humanidade está, sem dúvidas, mais inteligente cognitivamente, mas está analfabeta em relação a dimensão emocional e de sentimentos.
Nosso corpo traz as histórias das nossas relações no tempo, assim aprender a sentí-lo, conhecê-lo, é de grande auxílio para sairmos do padrão recorrente que frequentemente nos traz dor e infelicidade.
Não se pode saber sem o sentir, e não se pode sentir sem o corpo. Para colocar em prática e incentivar a sustentabilidade afetiva relacional é preciso recuperar o “sentir”, e não somente o pensar, o fazer e o falar, que são práticas corriqueiras e valorizadas nesse nosso cotidiano acelerado, e quase sem tempo para o sentimento. Nossas vidas precisam ser revisitadas! Precisamos respeitar nosso tempo interno e obter a pausa para que possamos nos reconectar com o nosso ritmo biológico orgânico – natural, e descobrir quem somos. E, assim, recuperar nossa capacidade de potência afetiva e agressividade afirmativa no mundo para sermos mais felizes. É preciso revisitar todo sistema vivo. As pessoas, a sociedade, o planeta, os cientistas de saúde, os médicos, os educadores, os políticos, a tecnologia, os estudantes, os psicoterapeutas, o cidadão comum, enfim o Ser Humano Sapiens coligado ao planeta precisa de uma chance de atenção. Comece dando a você e aos que estão a sua volta .