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Publicado 16/02/2018 - 10h02
A VIDA AFETIVA, O DESEJO E O CORPO
Dinheiro e poder. Os dois fazem parte dos desejos contemporâneos mais corriqueiros. Os dois significam status social, estar em lugar de destaque, distante do todo, então tem a ver com egoísmo, com ego, com estar acima. E a dor contemporânea é a do ombro, a da tensão, que enrijece o corpo, sobe pelo pescoço, bloqueia a mente. É a dor da ligação entre o nosso corpo e a nossa cabeça, onde perde-se o contato com o mundo afetivo do sentir e com seu instinto de vida.
Estamos vivendo um momento de desejos tóxicos, antinaturais. Enquanto o desejo for o de ter ao invés do de ser, enquanto o tesão estiver na obtenção de dinheiro e de poder, a miséria afetiva e emocional ganhará espaço, assim como a doença contemporânea da desconexão do centro de nossa vida afetiva. Vivemos um mundo abundante materialmente, pobre emocionalmente, moldado por futilidades e egoísmo em relação a vida e a realidade que vivemos. O egoísmo não tem energia própria, alimenta-se do outro. Logo, é cruel e insustentável. É preciso virar o jogo. Observe como você se escraviza ao mundo dos desejos e do ter. Você vive a serviço da vida natural ou a serviço da vida narcísica? Confunde o Ter com o Ser? Necessidade com desejo? Poder com potência?
Não precisamos ser escravos de nossas emoções e impulsos e sim desenvolver a nossa potência e inteligência para guia-los, sem precisar reprimi-los. Sabendo dirigir a emoção, o impulso e o desejo, você conquista ao invés de destruir. Porque a verdadeira ética da vida é o afeto. Precisamos relaxar o corpo, reconectar corpo e mente, ego e coletivo. Para tanto, é preciso sair da ignorância que temos em relação a nossa inteligência afetiva e emocional para podermos evoluir como espécie. Temos que ter poder interno. Enriquecer como seres humanos, distinguindo e frisando valores reais e virtuais, status e realidade. Temos que nos aceitar para aceitar o próximo e fazer um mundo mais justo. Olhar para dentro e para fora e fazer a magia acontecer. Como? Assunto para a próxima coluna. Até lá, avalie as suas escolhas e reconecte-se com o que de fato importa: consigo.