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Publicado 23/03/2018 - 07h15
DAR TEMPO AO TEMPO
O que deu em nós nos últimos 40 anos de história? Na chamada “era da informação”, as coisas, os fatos, as ideias, os comportamentos mudam numa velocidade incrivelmente alta, que nos deixa com a sensação de estarmos eternamente atrasados. Concorda?
Claro, evoluir é uma necessidade humana, contudo não implica viver em angústia. Se assim é, por que estamos tão angustiados para dar conta das infinitas atividades e compromissos ? Se o preço do progredir e do sucesso for a ausência de paz... será que o progresso vale a pena? Serão as nossas necessidades e desejos de fato imprescindíveis? Ou será que estamos enxergando o supérfluo como essencial?
Por que nós queremos tudo no agora, imediatamente, instantaneamente? Estamos esquecendo o si e a vida em si para suprir o quê? Qual a vantagem de vivermos menos processos e menos raízes? Como propor soluções para esta crise que enfrentamos no Brasil e no mundo?
Como enfrentar esta situação caótica ou rígida das pessoas, na família e na sociedade? Estamos com medo do quê? Será da perda, da falta, ou da perda do controle?
A velocidade nos traz um desgaste de energia e saúde que nos deixa estonteados, perdemos o dentro, o self, a alegria de viver, a alegria de ser. Eis aqui uma resposta, uma afirmação entre tantas perguntas. E tem mais.
Como esperar, ver pacientemente suas ações se tornem resultados ? Essa parece ser a sabedoria de poucos no mundo atual. E por que tudo é assédio no presente? Por que essa vontade de condenar, de processar, de oprimir, de reprimir, de julgar e de repreender tudo? Onde estão os limites, a disciplina, a resiliência no atual? São buscas? Pois se são, já é hora de serem encontrados (as).
Será que essa pressa gerada pela ansiedade crônica atual existe para que cheguemos o mais rápido possível no futuro? O presente está tão ruim assim que queremos fugir dele o mais rápido possível, em um clique?
Claro que foi através da tecnologia que o homem evoluiu e pôde sondar a natureza do universo de uma forma mais precisa do que conseguiríamos somente com nossos sentidos. O papel da tecnologia sempre afetou a cultura de uma sociedade. Desde a descoberta do fogo, da roda, do rádio, do avião, da televisão, radar, computador, telefone. Atualmente o celular, notebook, televisão de plasma, câmera digital e muitas outras coisas, nos facilita e enriquece , mas também nos condiciona a uma velocidade tecnológica, onde o orgânico se rarefaz, onde nos colocamos acima do tempo, quase como máquinas movidas pela compulsão, com lacunas de paciência e disponibilidade.
Máquinas humanas sem valores essenciais como gentileza, educação e trocas afetivas. É preciso estar atento e forte. Para não perder o divino e maravilhoso da vida. Olhar para dentro é um bom exercício para construir o mundo e a segurança que buscamos do lado de fora. Respire. Sinta. E vá, sem pressa, dê tempo ao tempo!