A Ciência do Jornalismo Científico
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Publicado 16/04/2018 - 07h31

A Ciência do Jornalismo Científico

Felizmente no Brasil há um número crescente de pessoas que participam e promovem o jornalismo científico de qualidade. Não é uma tarefa fácil, considerando as incessantes crises econômicas, que levam a uma redução das editorias de ciência e consequentemente a uma falta de perspectiva por parte dos profissionais por essa importante área da comunicação. Além disso, a volatilidade dos empregos dificulta a espe­cialização, tão necessária em alguns campos do saber. Muitos currículos de graduação sequer contam com essa disciplina, que geralmente é as­sociada com conteúdos árduos, com pesadelos como Física, Química e Biologia dos quais a maioria dos jornalistas quer simplesmente escapar. 
Mas não há como fugir, pois a ciência permeia a nossa vida. Ela está presente em muitos assuntos cotidianos, em temas polêmicos, no es­porte, na saúde. Ou seja, a ciência está aqui, e os bons profissionais de co­municação precisam saber lidar não somente com ela, mas também com os seus interlocutores, os cientistas. Aliás, é interessante notar também que cada vez mais cientistas estão se dando conta que precisam comu­nicar melhor as suas pesquisas, que, em última instância, são financiadas pela sociedade, para a própria sociedade.
Apesar das incertezas do mercado editorial, hoje o mundo conta com as mais variadas mídias, que permitem suprir a falta de cobertura nas mídias tradicionais. Redes sociais, blogs, páginas de internet, pod­casts, entre outros, são canais que ganham mais e mais espaço a cada dia, e ainda estamos aprendendo como o público reage, como lidar com eles de maneira efetiva.
Para isso, é necessário usar na divulgação e no jornalismo científi­co o rigor científico que se pretende transmitir. Qual é a percepção do pú­blico-alvo sobre um determinado modo de abordar algum tópico? Como são usadas as imagens em reportagens de saúde? Existe algum viés sobre determinado assunto? Como estimular uma prática fundamental para a saúde? A única maneira de responder estas perguntas é realizando um es­tudo sistemático, planejado, controlado, que permita identificar tendên­cias, que possibilite verificar alguma hipótese, que provoque a discussão.
A pesquisa em jornalismo científico tem uma prática cada vez mais estabelecida no Brasil, em alguns centros de excelência geralmente associados com o ensino em nível de graduação e pós-graduação. Divul­gar essa prática também é uma tarefa necessária, pois é assim que a ciência se constitui, revelando os métodos, hipóteses, resultados e conclusões, para gerar mais discussão e mais pesquisas, e com isso, mais profissionais capacitados para exercer um jornalismo sério, comprometido e atuante.
Afinal de contas, o que interessa é engajar o público para o de­bate, é fazer com que a ciência seja discutida e comentada. E que isso gere mais discussão, mais dúvidas, mais participação da sociedade nos debates fundamentais para o nosso futuro.