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Publicado 31/05/2018 - 16h52
Os desafios das Universidades no Século XXI
Tive a satisfação de participar do IV Encontro Internacional Universia de Reitores, realizado no dia 20 e 21 de maio de 2018 em Salamanca, Espanha. O encontro também serviu para celebrar o VIII centenário da Universidade de Salamanca, e reuniu líderes de mais de 600 universidades de diferentes países para refletir sobre as profundas mudanças de paradigma que condicionarão os seus papeis na sociedade e economia do conhecimento.
O debate foi focado em aspectos tão estratégicos como a aceleração da inovação e a globalização, as mudanças na demografia e distribuição de riqueza, a preparação de jovens e adultos para um mercado de trabalho mais complexo e imprevisível, o avanço tecnológico na digitalização, inteligência artificial e biotecnologia, entre outros. Essas transformações implicam, para cada universidade, uns desafios imensos, e exigem configurar a sua estratégia internacional face ao mundo completamente diferente que requer o século XXI, de modo que possam não somente se adaptar, mas também liderar a mudança e ter um papel preponderante na construção de um futuro melhor. Além disso, as universidades devem atuar no desenvolvimento de cidadãos críticos, éticos e capazes, além de atuar na criação e transferência de conhecimento, que permitam enfrentar os desafios contemporâneos tão complexos.
Participei mais diretamente do 3º eixo de discussão, que discutiu a contribuição das universidades no desenvolvimento social e territorial, sendo o coordenador temático desse eixo do encontro. De fato, foi amplamente debatido que existem profundas desigualdades socioeconômicas, regionais e étnicas em nossa sociedade. As universidades refletem essas desigualdades, e não conseguem eliminá-las sozinhas. Mas podem, e devem, ser parte importante para a sua solução, atuando como agentes transformadores do sistema econômico e social, em diferentes níveis e formas. Para isso, precisam fortalecer as colaborações com diferentes setores da sociedade, incluindo, entre outras, a iniciativa privada, os meios de comunicação, a classe política e as organizações não governamentais.
A participação na formação continuada dos membros que compõem a comunidade universitária deve ter uma atualização constante, para atender as demandas da própria sociedade, educando cidadãos plenos e capazes de enfrentar os desafios de um mercado de trabalho dinâmico. As universidades devem também refletir estrategicamente sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável, no âmbito de uma política universitária de cooperação social, que aspira à formação integral dos estudantes. Essa visão estratégica deve necessariamente incluir aspectos de acesso, equidade, internacionalização, e um espírito inovador e empreendedor. Para isso é fundamental a autorreflexão, a busca constante de boas práticas e novas ideias, e uma vontade de se adaptar e mudar, para poder realmente atuar de modo contundente no desenvolvimento social e regional, nos setores onde as universidades pretendem ter relevância.