O choro pode até não se manifestar e , em alguns casos, a pessoa em depressão pode até estar aparentemente equilibrada emocionalmente, mas o corpo fica exausto.

Pessoas sempre afetivas, carinhosas e atenciosas com os outros se tornam frias e insensíveis, ou mesmo irritadas com raiva e impaciência. Há alteração do sono e apetite, baixa do sistema autoimune , aumento de processos inflamatórios, riscos de doenças cardiovasculares, desconforto gastrointestinais, problemas psicomotores, pneumonia e mais. E toda essa mudança se dá porque a produção e recepção de neurotransmissores (como a serotonina , dopamina e a noradrenalina) fica desregulada. Essa “pane” do sistema nervoso central e do sistema nervoso autônomo pode ter motivos diversos.

Pode aparecer após um luto ou perda, uma separação, ou depois do abandono de pessoas próximas. Ser também consequência de causas biológicas (genéticas, alimentares e hormonais) e psicológicas. Depende da história da pessoa, do enredo das relações ao longo do seu desenvolvimento, do ambiente e da sua vulnerabilidade , de sua resiliência diante de frustração, perda e separação.

Ou seja, as depressões são expressadas de maneiras diferentes com base nas vivências e imprints de cada um. Tem diferentes níveis (brandas, moderadas, muito graves), contudo, sempre estão relacionadas à alteração dos neurotransmissores responsáveis pelo nosso bem- estar, calor, afeto, prazer, felicidade, disposição e serenidade. A tristeza é sinônimo de depressão?

Não , a tristeza isolada é algo natural de nossa existência, assim como a alegria.

Um quadro de depressão soma um conjunto dos sintomas aqui relatados. E, atenção: não é frescura! Uma depressão não tratada pode ter consequências importantes como perda: de amizades, relacionamentos amorosos, perdas financeiras e profissionais e em casos mais graves, a perda da vida, suicídio. Daí a relevância crucial de observar os sintomas, ouvir, apoiar, buscar a ajuda profissional de psicoterapeutas e psiquiatras.

Você já teve contato com alguém em depressão? Aposto que sim, afinal, trata-se de uma das doenças mais corriqueiras do contemporâneo. Portanto, desacelere, observe, sinta, doe-se, ajude (ou deixe-se ajudar). A depressão tem cura. E o primeiro passo é reconhecê-la. Ignorar ou querer acreditar que é uma frescurinha não leva a nada. Ou, corrigindo, pode levar a um caminho sem volta...