
Publicado 28/03/2019 - 11h52
Bruxas e bestas: a era medieval nos dias de hoje
"Educar um homem é educar um indivíduo, educar uma mulher é educar uma geração”. Foi Mahatma Ghandi quem disse. A mulher carrega o cálice sagrado tão venerado na era do Rei Arthur, pois representa a vida, o fogo sagrado, a criatividade, a potência do útero (o templo da feminilidade, o vaso), libertador da mulher nas sociedades matriarcais e escravizador nas patriarcais. O desejo de dominar, reduzir, submeter o outro vem sim do temor que o opressor tem da força e da magia do oprimido. O feminino é potente, mágico até, tem força de alma guerreira o poder de procriar o que pode ajudar a mudar o mundo para melhor.
O feminino é representado pelo lado direito do cérebro, o lado emocional- afetivo da vida. É sobre o sentir. Daí o motivo de considerarem a sororidade e a empatia habilidades humanas especialmente femininas. Sororidade é exclusiva das mulheres. E é sobre esta tocante força feminina unida e atual, traduz esse desejo e essa ação coletivas do “todas juntas”: a mãe, a irmã, a amiga, a parceira, a vizinha desconhecida, todas protegendo uma às outras, esse potente receptáculo que gera o fogo da vida humana neste planeta, ou seja, o feminino.
Você sabia que as mulheres já foram altamente veneradas e respeitadas pela sociedade que viviam durante o período da antiguidade? A era matriarcal ( que aponta sua volta, eba!) aconteceu no período pré-histórico, a era das deusas, da supremacia das politicas femininas. Parece que seu declínio se deu com o crescimento populacional e conflitos territoriais. A sociedade patriarcal, na idade média, ganhou força na violência. Era época da inquisição e da caça às “bruxas”, do controle do pensamento e da cultura, do domínio da igreja e dos homens: senhores feudais, cavalheiros, padres e monges criaram a ideia da mulher submissa e dependente do pai e do marido em todos os sentidos.
Importante falar de ideologia e de sua força no mundo atual. Importante deixar esse passado onde deve ficar: para trás, como um erro que não pode ser repetido. Se passou totalmente? Você sabe que não. Como diria "Simone de Beauvoir", essencial quando se fala do feminino, “as mulheres nunca conseguiram primeiro lugar nem no período em que a maternidade era consagrada” (trecho do livro Segundo Sexo).
A violência contra a mulher persiste, segundo as estatísticas e conforme mostra a realidade. A herança social do machismo e a castração da mulher é cruel. As mulheres com empatia e sororidade se unem para ter espaço de fala, ação, para erradicar essa temeridade. Algumas, mais novas, em alusão à época do machismo medieval se auto declaram bruxas. Porque são fortes, mágicas e poderosas.
Sabem que viver é se emocionar, sentir, se arrepiar, se aventurar e que um coração encolhido adoece tanto quanto aquele parado que não sente. Sabem que temer o seu próprio poder feminino é cair na armadilha. Querem deixar suas digitais no mundo ao colocar a mão e o coração nessa revolução que segue.
Sentem os efeitos de tpm, das ondas hormonais, mas sofrem mesmo com a desigualdade de direitos humanos, com a falta de respeito, com uma perseguição ignorante. Por vezes essa ignorância macha está nos lares (construídos por elas): a violência doméstica e familiar contra a mulher tem aumentada em nosso país, seja pela ação física, sexual , psicológica ou moral. É alarmante e triste!
Unidas as mulheres contemporâneas (e de alma feminina) se empenham em transformar essa triste realidade, sem a ajuda de política sociais e psicológicas, de programas de educação em massa, tão necessários para que a sociedade se cure da doença hereditária machista. Ou seja, estão juntas e sozinhas ao mesmo tempo. Preferem se amar a se armar. E seguir em frente. Porque são fortes, logo mulheres e têm o poder da vida.